Em 1976, o professor Pernambuco de Oliveira era o diretor do Centro de Artes da Uni-Rio e estabeleceu o primeiro concurso de dramaturgia destinado a alunos e ex-alunos da FEFIERJ/UNIRIO. O prêmio era de Cr$ 5.000,00 e a montagem do texto. Fiquei muito animado e reescrevi um texto em que vinha trabalhando para inscrever no concurso: A volta do Prometido, inspirado em A alma boa de Set-Suan, de Bertold Brecht, só que os meus deuses eram Jesus e Pedro que voltavam para procurar a alma boa. Depois de muito procurar a encontram no interior da Paraíba. Vali-me, ainda, de passagens de algumas histórias da literatura de cordel, da contística popular, histórias que minha mãe me contava quando criança, e estava pronto o texto, todo escrito em versos de cordel, versos de seis pés, como dizem os poetas populares.
O resultado foi que o texto ganhou o concurso. Uma grana bem vinda naquela altura do campeonato e calhou de eu estar terminando o curso de Direção Teatral. Montei como conclusão O Cordão, uma burleta do Arthur Azevedo, porque estava querendo testar o musical. Fui criticado por alguns colegas por estar montando um texto tão despretensioso em momento tão dramático da vida nacional, mas eu não liguei, tinha meus objetivos e minha resposta foi exatamente A volta do Prometido, que, por força do prêmio, montei no ano seguinte.
Foi um momento de muita alegria e de muita agitação para mim e meus colegas envolvidos na montagem, que contou com alguns professores na equipe técnica e artística, como a Armida Valleri, responsável pela direção musical. O coreógrafo foi Carlos Debret Os figurinos de Paulinho Molière, colega da turma de cenografia, apelido dado por nós porque ele tinha a cara do famoso comediógrafo, colega que já se foi para o andar de cima. O cenário de Olga Rezende e os atores eram alunos formandos do curso de interpretação e os músicos da escola Villa Lobos, que funcionava no andar de baixo do prédio.