Quando as coisas têm que dar certo até o que deveria ser empecilho ajuda. Os examinadores da Censura Federal – para quem hoje começa a fazer teatro e sabe que para se colocar um espetáculo em cena naquele tempo era necessário fazê-lo para dois censores, que tinham a força até de proibir o espetáculo, como fizeram no ano seguinte com um que dirigi, soa estranho, não? – pois, os dois examinadores, um senhor e uma gentil senhora, que depois da apresentação, me chamou para conversar e tentou me convencer que eu estava equivocado com algumas situações que colocava na peça, coisas como a corrupção policial, que só denegria a sociedade brasileira (a peça, não a corrupção, pelo jeito) no conjunto dos países. Ouvi sem contestar as ponderações, ao final ela falou que faria alguns cortes e pediu para que eu passasse depois para pegar a liberação. Quando fui buscar recebi o texto com cerca de dez páginas cortadas, trechos inteiros que tiravam completamente o sentido das cenas, como aquela do policial, que eu reescrevi correndo, fazendo uma síntese do que era. Esta foi uma cena que depois de reescrita achei que ficou melhor para o espetáculo do que a anterior. Outros trechos também suprimidos foram transformados em ação. Na verdade eu teria que submeter mais uma vez o texto à censura, mas isso seria inviável, porque a estréia iria acontecer dali a três, quatro, dias. Eu me comprometi que respeitaria os cortes da censura, mas não era aquilo que eu estava pensando, e assumi fazer o espetáculo transformando o que havia sido censurado em ações rápidas, síntese das cenas, e estreei como se nada tivesse acontecido.
A peça caiu no agrado do público e da crítica. Ficamos dois meses em cartaz no Palcão da escola, aquele todo queimado. Uma programadora do Departamento Geral de Cultura do município, foi ver o espetáculo e nos convidou para participar do Palco Sobre Rodas, e do projeto Teatro Aberto, em várias comunidades, o que deu uma versatilidade ao espetáculo que só platéias populares e lugares os menos previsíveis possíveis, são capazes de oferecer. Assim, tive oportunidade de conhecer os mais inusitados recantos do Rio de Janeiro, da Zona Norte à Zona Sul, desde favelas aonde íamos sem nenhum receio, até bairros populares, distantes. A seguir, fizemos temporada de um mês no SESC de S. J. de Meriti, além de clubes, teatros da periferia e de cidades vizinhas. Fechamos a carreira do espetáculo, um ano e meio depois, com uma temporada no Teatro do Planetário da Gávea. Terminamos com casa cheia, mas não encontramos outro teatro para outra temporada e os atores, catorze naquele momento, menos quatro que os dezoito iniciais, estavam se envolvendo noutros projetos, inclusive eu, que já ia partir para minha segunda peça: Cara a Cara, que havia ganho o mesmo concurso no ano seguinte.
A peça caiu no agrado do público e da crítica. Ficamos dois meses em cartaz no Palcão da escola, aquele todo queimado. Uma programadora do Departamento Geral de Cultura do município, foi ver o espetáculo e nos convidou para participar do Palco Sobre Rodas, e do projeto Teatro Aberto, em várias comunidades, o que deu uma versatilidade ao espetáculo que só platéias populares e lugares os menos previsíveis possíveis, são capazes de oferecer. Assim, tive oportunidade de conhecer os mais inusitados recantos do Rio de Janeiro, da Zona Norte à Zona Sul, desde favelas aonde íamos sem nenhum receio, até bairros populares, distantes. A seguir, fizemos temporada de um mês no SESC de S. J. de Meriti, além de clubes, teatros da periferia e de cidades vizinhas. Fechamos a carreira do espetáculo, um ano e meio depois, com uma temporada no Teatro do Planetário da Gávea. Terminamos com casa cheia, mas não encontramos outro teatro para outra temporada e os atores, catorze naquele momento, menos quatro que os dezoito iniciais, estavam se envolvendo noutros projetos, inclusive eu, que já ia partir para minha segunda peça: Cara a Cara, que havia ganho o mesmo concurso no ano seguinte.